Apareceu numa manha de nevoeiro
Acordei cedo. Estava
a prometer chover mais. O dia nublado contribuia para a minha preguiça matinal. Finalmente era domingo. O gato
espreguiçou-se e correu para a cozinha, o pequeno-almoço estava a chegar.
Dirigi-me à porta para apanhar o jornal que o porteiro gentilmente me deixa
todos os dias e ao abri-la, pressenti uma sombra junto do pilar de mármore que
existe perto da escada.
Debrucei-me um pouco mais e lá estava a confirmação da
suspeita. Uma pequena bola de pelo escuro. Um cãozito, aparentemente sem raça definida, todo
encolhido .
Seria possível? Um animal ali aquela hora… só podia estar
perdido! Olhou para mim assustado mas não demonstrou qualquer intenção de
fugir. Apanhei-o e, sem pensar duas vezes, meti-o dentro de casa - pensaria depois
o que fazer com ele.
Aqueci um pouco de leite, era muito pequeno e eu não tinha
outras alternativas alimentares, mas pensei que esta poderia ser uma primeira
forma de interacção. Limpei-o todo, estava molhado da humidade. Mostrei-lhe a
tigela onde tinha misturado com o leite um pouco de miolo de pão de centeio... Na verdade a reacção foi a esperada, devorou tudo num instante.
O meu gato, o MC, entretanto tinha-se aproximado e
estabeleceram, apesar de uns “fffff” e uns “rrrr” iniciais uma lógica de
comportamento amigável. Os animais encontram sempre uma forma de se entenderem.
Durante uma semana procurei-lhe o dono sem sucesso. Depois levei-o
ao veterinário que lhe fez uma consulta de “primeira vez” , e agora já me
procura para comer, já se aninha com o gato para dormir. A minha vida muito
corrida não me permite grandes intervalos mas estou a praticar levantar-me
quinze minutos mais cedo todos os dias para passearmos. Não sei quem teve a
coragem de o abandonar, mas na verdade fez-nos um favor. Porque é muito bom ter um companheiro de brincadeiras e risos
Chama-se Sebastião.
LR/2014
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