quinta-feira, 8 de maio de 2014

Felicidade ...






 Agora que o tempo quente parece que se instalou por uma estação, vieram-me hoje à lembrança as manhãs de domingo em que da janela olhava o bulício da capital e bebericava um chocolate bem quentinho, deixando os pensamentos correrem soltos enquanto a chuva lá fora caía miudinha.


Na correria do dia a dia, a chuva sempre teimosa a seguir os gestos, a agenda sem descanso e as reuniões sem parar, fazem-nos perder memórias e, o cansaço acumulado, arrasta-nos para sonos sem tempo de contemplação.
Hoje também é domingo. Mas com o jornal em cima da mesa e os passarinhos a chilrear no jardim faço-me acompanhar de uma deliciosa preguiça, a recusar a praia, já  barulhenta, o agridoce da areia  nos pés, nos cabelos, mas sobretudo na paciência, nestes dias de Maio.
Esqueço-me das noticias, do governo, da crise como prioridade absoluta, dos problemas do ambiente, das tricas da banca  ou da politiquice, já para não falar dos horrores policiais, dos erros da economia, enfim as  complicações do que, ou já aconteceu, ou vai acontecer. Abandono-me  a este silêncio, quase absoluto, sentido como pura meditação!
No roupeiro as camisolas de algodão e as calças de linho vão substituindo aos poucos os tailleurs. As sandálias de tirinhas que atiraram os “MB” para o fundo do armário, sentem-se tão frescos como eu nesta manhã.
É  quase  tempo das férias. De parar. Respirar. De voltar a prometer que na rentrée vamos moderar o passo. Desligar mais o telemóvel. Esquecer um pouco a agenda. Talvez pensar em nós, aproveitar todos os dias ao máximo, amar, ser feliz, viver...
Mas o que é mesmo bom é o que realmente fazemos com o tempo. Afinal, podemos sempre desfrutar de algumas tardes de chuva e chocolate, ou esplanadas com passarinhos a chilrear… Viver é cultivar o amor em nós pois isso também nos ajuda socialmente, ninguém gosta de pessoas amargas.
Ao cultivarmos um caminho olhando o Mundo através do coração, construímos em nós  uma ideia de felicidade muito própria, já que depois de decidirmos o que queremos na vida, "a felicidade é o mais alto grau de sofisticação"1)


1) Leonardo da Vinci




LR/2014

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